quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Seu nome é Jack;

É a música, essa danada sem pernas que cospe "world hold on"s em meu ouvido numa tediosa madrugada de domingo. Então o rádio avança para a próxima faixa, mas ainda continuo com a imagem de Jack dançando na cabeça, fitando o travesseiro. Estranho, até rio. Essa música deu-me uma sensação de lembranças escondidas atrás dos fios de cabelo.

Dos incansáveis e suados fios de cabelo naquela noite agitada. Jack. De repente recordei seu jeito engraçado e enguiçado, dançava como quem carrega peso nos ombros, seus movimentos mecânicos eram típicos de algum indivíduo vindo de um lugar tão gélido quanto ele.

Alemão, loiro, olhos azuis, expressão atrapalhada porém com um certo charme. Havia coisas pervertidas em seu olhar. Inofensivo. Bom garoto!

Percebo meu dedo remexendo os botões do rádio, e lá está ela de novo. World hold on. A cabeça tão longe quanto Jack e seus comparsas. Uma nostalgia. Uma vontade de dançar com ele e rir. Outra de olhar aquele rosto outra vez e ter feito alguma loucura do tipo apertar seu nariz simplesmente por ser pequeno ou puxar sua mão e fazê-lo voar sobre as ondas do mar iluminado pelo luar. Aterrissar nossos pés na areia úmida e macia e caminhar até alcançar a lua. Isso soa erótico, prometo que é pura inocência (eu acho). Desejo apenas de ter sua compania, estranha compania(e desejo também).

Ah, pequeno alemão, você e sua tequila. Jack tequila. Sua tequila e você. E nós dois na pista de dança. E eu fitando o travesseiro. E a faixa mudou outra vez.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Dezenove;

Ai, ai, ai... o que dizer sobre esse ano? Que ele me chutou com violência? Jogou-me no chão e rolamos juntos entre tapas e beijos? É... mais ou menos isso...

Antes de tudo queria agradecê-lo por ter sido tão impiedoso, ah, como sofri! Mas toda essa maldade teve fundamento, e como! Aprendi coisas que nunca consegui fixar nessa cabecinha mole, e algumas ainda continuam fugindo...

Começando com a perda de uma pessoa extremamente especial, mais para pseudoperda... sempre fui persistente... acredito esse ter sido o motivo de mais dor anual! Chorei uns zilhões de litros, disse o que não era pra dizer, quase fiz pacto com o demônio, e há pouco percebi o problema: eu mesma! Enfim, o que foi feito, já está feito e só há volta se o perdão for recíproco... e isso, hum, ainda espero retorno... uma frase clichê: "todos cometem erros ... mas a Marcela muito mais"!

Depois de bofetadas, conheci alguém que já me segue desde pequena, aliás sempre esteve no meu pé, só que nunca lhe dava ouvidos... devo dizer que com ela me identifiquei muito, e hoje, é minha melhor amiga, mesmo tendo esse jeito meio irritado e contrariando minhas idéias... ela, Marcela de Godoy... eu mesma, meu interior, meu espírito, minha alma, minha personalidade.

Outro companheiro um tanto recente também tem me ajudado muito, o desapego. Nunca conheci menino mais pacífico e sábio que ele. Realmente é efetivo... uau! Obrigada mesmo! Sem você estaria me torturando até agora! Embora seja impossível pô-lo em prática totalmente... sabe, tem um lugar escuro, quentinho e lacrado nesse corpo, e lá, o desapego não entra!

Tive experiências incríveis também, diria que as melhores! Minha cabeça, de pequena e teimosa passou a se abrir mais do que o normal, e, nossa... senti uma mudança espíritual gigantesca! Características que pensei não adquirir surgiram de mansinho, me conquistaram e parasitaram nessa pessoa! Outras insistem em permanecer, sabe que até que não incomodam?!

Fiz uma viagem maravilhosa! Entrei em contato com pessoas e culturas fantásticas, causa-me até arrepio de lembrá-los! Isso só atiçou mais meu desejo por conhecimento de novos lugares e costumes!

Conheci muita gente, criei novas amizades, algumas posso considerar íntimas.. outras mais que isso... haha! Melhor que essas, são as minhas velhas amigas, ah, não tem como explicar meu amor por essas criaturinhas aladas, acordei para elas de uma maneira diferente, de um modo que nunca tinha visto antes. Sei que é clichê( e isso me irrita), mas são realmente irmãs!

Não me apaixonei, ahn... fora meus platonismos e momentos especiais, não. É, tive alguns casos, uns quase que me dilaceraram as veias, outros repulsivos, e até um que poderia ter sido perfeito, SE eu quisesse! Mais uma vez, é Marcela cometendo erros...

Erros. Acariciaram-me dos pés à cabeça, e continuam a todo instante... até que são divertidos, mesmo machucando. Não, não.. são como pedras, o tempo todo tropeço, e isso me faz levantar rindo cada vez mais.

É, querido ano, você foi um sadomasoquista maldito que, como sempre só quis me botar pra baixo, porém, sua amante aqui, cansou do seu joguinho, e mais do que nunca está com o chicote na mão para acabar contigo de uma vez por todas!!!

Que venha seu irmão, 2008!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Palavras arrancadas de um velho caderno...

Solos secos, fervem infernos. Sua partida, apenas lembro. Antes disso, belo campo floria. Papoulas, ah, papoulas cobriam-me a face e sonhava com o nunca possível. Velho sábio fumou todo ópio que vestia-me o corpo, doces papoulas eram aquelas. "Oh velho, por que me fes isso?".

Mas ele faz isso com todos. Tira-lhe a maciez e o desejo. Apenas a seca reina agora. Meus lindos campos plumosos queimaram, viraran fumaça tragada pelo sábio. Continuo deitada em meu aconchego que antes pluma, agora terra vermelha. Somente saudade de meu conforto. Mas como dizem, o velho sábio é quem manda...