quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Essência de tudo

O tempo tem asas e não perdoa ninguém, mesmo que seja atrasado ou adiantado ele leva, empurra, e até lhe rasteja consigo. Bicho egoísta, tudo tem que ser em seu ritmo e em torno de si, e juro que mesmo que o evite ele vai estar lá cronometrando suas esperanças e assistindo aos seus pecados... parece até gente! Ah, se fosse...

Já fui grande inimiga dele, mas hoje não desgrudo do relógio. Me adaptei ao tipo "o tempo é sagrado", e por enquanto sem neuras. Neuras... as únicas vezes que me meti com elas foram quando deixei meu desleixo brincar com as horas. E devo dizer, como teimosa número dois (a primeira é minha preguiça), adoro presenciar momentos de neurose. Claro, por descuido. Aliás, SEMPRE!

E se eu dissesse à você que tudo gira ao redor das horas, minutos e segundos? Podem não acreditar, pois quase nem eu acredito que a vida basicamente é feita disso, do ontem, do agora e do amanhã, lacunas que preenchemos com o tédio do dia-a-dia. Ou que Deus talvez seja um grande relógio que agradecemos e pedimos todas as semanas para que nos dê força para alcançarmos nossos objetivos e óbviamente tempo para conseguirmos realizá-los? Verdade ou não, é digerível. Pois sem o decorrer dos ponteiros o mundo não existiria, o ser humano não teria evoluído e eu não estaria aqui, com tempo de sobra, concluindo minhas idéias malucas.

Como não temos escapatória, é preciso saber manuseá-lo e ajustá-lo ao seu modo. É algo seu, ninguém pode tirar, não há devoluções e de preferência não deixe restos, lembre-se, muita gente gostaria de ter tempo para fazer as coisas! Pinte-se das cores que deseja, pinte os outros também... porque não?! Mergulhe no indefinido, nas possibilidades infinitas e nunca esqueça: não olhe para trás!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Hidrofobia;

O amor é como essas casas com um cachorro à espreita no portão, passo longe para evitar o susto. Tá que nem todos os cães-de-portão são agressivos, mas prefiro evitar contato. Afinal quantas vezes esses malandros já me morderam? Ainda carrego leves cicatrizes, nada muito grave, apenas desapontamentos. Medo.

Medo de as coisas serem certas nos momentos certos. Medo da perfeição, da felicidade compartilhada com alguém que me tira os sentidos. E o pessimismo lambendo meu rosto, quase um instinto.

Sobrevivo apenas de platonismos, um vício que carrego para todas as direções. Minha pílula diária. É um belo disfarce para escapar do amor, infelizmente não eterno. Fico quase feliz observando meu grande estoque de pílulas.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Mugindo idéias;

Os dedos acariciam a janela suavemente, deixando leves manchas ofuscantes no vidro, os olhos continuam fitando os campos verdes com pequenos pigmentos brancos e marrons: vacas. Concentrou-se numa malhada. Criatura engraçada. Seu focinho úmido fuçava a grama ao redor, ele balançava rapidamente e encontrou comida fresca. Ela mascou novas vezes enquanto seu rabo oscilava continuamente protegendo sua larga anca de moscas parasitas. E assim, todas as ruminantes seguiam.

Suspirou... inveja. Queria ser uma delas também. Bater os cascos no doce campo, chicotear parasitas com a cauda, ruminar e possuir olhos bondosos. Analisou-os bem. Eles lacrimejavam suavemente, de vez em vez os cílios varriam o gordo globo ocular. Imaginou se as vacas pensavam. Provavelmente. Quais seriam suas ambições? Seus sonhos? Suas idéias? Teriam elas imaginado o tamanho do mundo? Ou sabido do atentado ao World Trade Center? Isso provavelmente não... (pelo menos era o que esperava).

Seria sua rotina composta apenas de filosofias e grama? Suas tetas gorduchas e seus filhotes sua preocupação? Talvez. Era mais uma incógnita em sua lista de perguntas. Mas de fato elas o encantavam. Queria uma vaca alada para sobrevoar as cidades mais luminosas, pousar em terraços abandonados e apreciar o luar refletido em seus olhinhos. Cheirar suas longas orelhas e afagar seu rosto no dela. Ouvir seus segredos e amá-la para sempre. Sua fiel companheira bovina.

Foi quando seus dedos começaram a suar e parou de esfregá-los no vidro. Sua pupila dilatou, seus olhos encheram-se de água, e nunca mais comeu carne.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Análise sem nome...

As pessoas são como moldes de seu ambiente, se adaptam conforme as necessidades que este lhe pede. Não há mudanças ruins, apenas algumas diferentes da nossa, e para analisarmos entre ruim ou bom, usamo-a como padrão. Simplesmente por instinto, por ser humano, por sermos egocêntricos, e calma, isso é uma coisa meramente boa, é claro, se sem excesso. Afinal, alguém tem que crer em si próprio, e creio que nem se for bem lá no fundo da alma, todos têm uma certa esperança. Esperança de conseguir ser você mesmo, seja reinventado, seja o de sempre, seja um lunático, ou até mesmo com diversas personalidades. A verdade é que a melhor coisa é se sentir vivo, possuir sentimentos, colecionar sonhos e obter conhecimentos.