sexta-feira, 23 de março de 2007

Do contraditório como terapêutica da libertação

“Recentemente, entre a poeira de algumas campanhas políticas, tomou de novo relevo aquele grosseiro hábito polemista que consiste em levar a mal uma criatura que ela mude de partido, uma ou mais vezes ou que se contradiga freqüentemente. A gente inferior que usa opiniões continua a empregar esse argumento como se ele fosse depreciativo. Talvez não seja tarde para estabelecer, sobre tão delicado assunto do trato intelectual, a verdadeira atitude científica.
Se há de fato estranho e inexplicável é que uma criatura de inteligência e sensibilidade se mantenha sempre sentada sobre a mesma opinião, sempre coerente consigo própria. A contínua transformação de tudo, dá-se também no nosso corpo, e dá-se no nosso cérebro conseqüentemente. Como, então, senão por doença, cair e reincidir na anormalidade de querer pensar hoje a mesma coisa que se pensou ontem, quando não só o cérebro de hoje não é o de ontem, mas nem sequer o dia é o de ontem? Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural.
A coerência, a convicção, a certeza são, além disso, demonstrações evidentes – quantas vezes escusadas – de falta de educação. É uma falta de cortesia com os outros ser sempre o mesmo à vista deles; é maçá-los, apoquentá-los com a nossa falta de variedade.
Uma criatura de nervos modernos, de inteligência sem cortinas, de sensibilidade acordada tem a obrigação cerebral de mudar de opinião e de certeza várias vezes no mesmo dia. Deve ter não crenças religiosas, opiniões políticas, predileções literárias, mas sensações religiosas, impressões políticas, impulsos de admiração literária.
Certos estados de alma da luz, certas atitudes de paisagem têm, sobretudo quando excessivos, o direito de exigir a quem está diante deles determinadas opiniões políticas, religiosas e artísticas, aqueles que eles insinuem, e que variarão como é de entender, consoante esse exterior varie. O homem disciplinado e culto faz da sensibilidade e da sua inteligência espelhos do ambiente transitório: é republicano de manhã e monárquico ao crepúsculo; ateu sob um sol descoberto, e católico ultramontano a certas horas de sombra e silêncio; e não podendo admitir senão Mallarmé àqueles momentos do anoitecer citadino em que desabrocham as luzes, ele deve sentir todo o simbolismo uma invenção de louco quando, ante uma solidão de mar, ele não souber mais do que da Odisséia.
Convicções profundas, só as têm as criaturas superficiais. Os que não reparam para as coisas quase que as vêem apenas para não esbarrar com elas, esses são sempre da mesma opinião, são os íntegros e os coerentes. A política e a religião gastam dessa lenha, e é por isso que ardem tão mal ante a Verdade e a Vida.
Quando é que despertaremos para a justa noção de que a política, religião e vida social são apenas graus inferiores e plebeus da estética – a estética dos que ainda não a podem ser? Só quando a humanidade livre dos preconceitos de sinceridade e coerência tiver acostumado suas sensações a viverem independentemente se poderá conseguir qualquer coisa de beleza, elegância e serenidade na vida.” (Fernando Pessoa)

Simplesmente perfeito! =)

sexta-feira, 16 de março de 2007

O dia mais florido do ano

É com boa intenção que quero consagrar o dia 14, o dia da poesia! E para isso, nada mais que um poema, certo?! ;D

Não Basta Abrir a Janela
(Alberto Caeiro)

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver a janela se a janela se abrisse
Que nunca é o que vê quando se abre a janela.


segunda-feira, 12 de março de 2007

Pensamentos proibidos 1


Ainda continuo a me perguntar: por que as pessoas se prendem umas na outras?
Pra quê tantas correntes se queremos liberdade? Pra quê regras se queremos anarquia?
Usamos de nossa própria desconfiança para trair os sentimentos de nossos parceiros. Isso tudo, implícito, claro!
Sentimento... é uma coisa linda demais para se dividir apenas com um. Mas o ser humano é mesquinho de mais, a ponto de querer tudo só pra ele. Hunf!
O amor, é na maior parte dos "civilizados", considerado um sentimento único(quero dizer no sentido heterossexual, homossexual, bissexual), dedicado há um homem/mulher. E porque não por todos os que nos amam? Pra quê rejeição? Pra quê tanto egoísmo?
Essa explicação de tal é tão antiquada assim como é a explicação bíblica do surgimento da vida. Não há como explicar algo que não sabemos a origem!!!
Viva a liberdade, e a todos que a prosperam! ;D

sexta-feira, 9 de março de 2007

À solidão,

Venho por meio desta, agradecer você, minha querida amiga.
Sua presença hoje à tarde foi um tanto já esperada. Afinal, não tinhamos nada a fazer e sua visita é sempre bem vinda em dias como esse.
Quando estou com você, sinto-me mais perto de mim mesma... compania essa que me faz ter meu próprio tempo da semana. Estarmos juntas é sinônimo de estar sozinha. E em dias assim, tão produtivos à minha pessoa, acabo fazendo coisas que aguardo há muito fazer.
Sabia que adorei o filme que assistimos hoje? Sim! Estou pensando seriamente em comprá-lo, já que a locadora está se livrando de fitas VHS. "Vida sem Destino"! Agora é meu! Ah, como adoro colecionar obras de arte! O realismo retratado e o modo exótico que foi gravado me chamou a atenção. Brilhante!


Bom, muito obrigada, ilustre solidão!
Meus dias sem você não seriam meus!

quinta-feira, 8 de março de 2007

Feliz dia da Indiferença

Parabéns mulheres, tenho a honra de dizer-lhes que hoje é só mais um simples e insignificante dia. Talvez me achem um tanto pessimista, mas não sinto vocês, do mundo todo, minhas amigas, com os mesmos direitos que poderíamos ter. Enquanto há um sorriso aqui, há três bocas mudas lá.
Na aula, espantei-me com duas coisas: minha ignorância e o sofrimento das mulheres afegãs. Enquanto lia aquilo, logo surgiu em minha mente, "como um humano pode privar seu igual de viver?". A resposta? Egoísmo e machismo(perdoem-me os homens).
Pra ser sincera, não gosto nada nada desses sistemas de machismo e feminismo. Já fui de concordar com isso, agora são águas passadas. Pra quê arranjar zica com direitos de genitais se somos apenas mentes? Essas pessoas... vai entendê-las! Acabam fechando tanto suas cabeças a ponto de ficarem tão egoístas que não permitem direitos que todos devíamos possuir.
Voltando ao assunto, bom, almas do sexo feminino, posso desejar-lhes apenas que PENSEM!